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Foi lançado em Maputo, no Complexo Pedagógico da UEM, o livro História das Lutas de Libertação na África Austral. O lançamento contou com a presença de individualidades políticas, académicos, estudantes e demais personalidades.
O livro faz parte do projecto organizado pela Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), cujo patrono é o General Hashim Mbita, com objectivo principal de registar a história das dificuldades enfrentadas durante a luta de libertação e conscientizar as futuras gerações sobre o preço da independência e da liberdade, e sua responsabilidade de defendê-la e protegê-la.


"A perspectiva do livro era olhar para a solidariedade regional, por isso, mais do que concentrar-se nas dinâmicas internas ainda que tenham sido importantes para os outros países conhecerem a história da luta armada em Moçambique, a essência era mostrar como é que o país participa no processo da libertação na região e como a região contribuiu para a libertação de Moçambique", disse Joel das Neves Tembe no acto de lançamento.
Acrescentou "trata-se de uma colecção inédita que traduz a experiência de sofrimento comum e solidariedade multifacetada durante a luta pela libertação da região que servirá para a partilha pelas gerações do presente e do futuro na região, continente e no mundo".
A colectânea foi produzida por 22 autores que construíram capítulos que preenchem sete volumes de histórias dos 11 países da SADC. Os sete volumes constituem um registo abrangente das dificuldades de libertação na África do Sul, histórias e envolvimento de milhões de pessoas comuns, centenas de milhares de combatentes da liberdade, quadros do partido, líderes políticos e militares.
A apresentação do segundo volume do livro que traz a contribuição de Moçambique e Angola no processo da luta de libertação na África Austral, coube à historiadora e uma das autoras, Alda Saúte Saíde, que sublinhou que era missão de Moçambique escrever a sua história que começa dos anos 50 até 1990.
"A história está dividida em vários capítulos temos, a criação da Frelimo, o processo de preparação da luta de libertação, a luta de libertação em Moçambique e um capítulo especial que fala da participação da mulher na luta de libertação em Moçambique, temos também o percurso do fim da guerra e assinatura de acordos de Lusaka e como se chega a independência", disse Saíde. O projecto de pesquisa iniciou em 2006 e durou cerca de 4 anos, e a edição foi feita em 2015.
Lopes Tembe é combatente da luta de libertação nacional e exerceu várias funções, entre as quais a de membro do Parlamento, embaixador de Moçambique na China, Coreia, Japão, Zimbabwe, Botswana e Swazilândia entre os anos 1983 até 1996.
Coube ao embaixador biografar o general Hashim Mbita, pelo papel importante que desempenhou nas lutas de libertação dos povos africanos, em particular da África Austral. Mbita, foi também secretário executivo do Comité de Libertação da Organização da União Africana (OUA) desde 1974 até às eleições democráticas na África do Sul em 1994.
Tembe classifica Mbita como tendo sido um amigo que fez muito para Moçambique e África especialmente na zona da África Austral foi encarregado de trabalhar com os movimentos de libertação na África Austral para fornecer ajuda tanto militar como material.
"Moçambique teve muita sorte de ter Hashim Mbita que era militar porque nos anos 1965/67 as pessoas não acreditavam que estávamos a combater dentro de Moçambique. Com a sua entrada no secretariado executivo do comité de libertação, mudou tudo. Talvez por ser militar e conhecer os problemas, preocupou-se muito e chegou a visitar as zonas libertadas de Moçambique e viu as dificuldades que passávamos no que concerne aos bombardeamentos que passávamos com a força aérea portuguesa e não possuíamos capacidades de enfrentar as aeronaves. Com apoio de Mbita conseguimos ter os primeiros antiaéreos que nos ajudaram no combate ao colono", disse.
Tembe lembrou-se da visita que Mbita fez depois da assinatura dos Acordos de Lusaka e levou-o para ver o que a população produzia naquela época. Feito isso, duas semanas depois o general enviou camiões de milho para a população. Hashim Mbita morreu em Abril de 2015.